"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

Lewis Carroll






segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Delírios de Menina-Mulher sobre ser Mulher

Acredito que com o passar do tempo os gêneros feminino e masculino vem ganhando novas aplicações, mais amplas que basicamente distinguir o sexo do indivíduo. Aliás este termo "gênero" nasceu a partir de movimentos feministas do século XX que visavam  pensar os movimentos sociais repressores ou de organização da sociedade determinados pelo sexo biológico das pessoas. Saffioti (1992, p. 210) considera que:
"...não se trata de perceber apenas corpos que entram em relação com outro. É a totalidade formada pelo corpo, pelo intelecto, pela emoção, pelo caráter do EU, que entra em relação com o outro. Cada ser humano é a história de suas relações sociais, perpassadas por antagonismos e contradições de gênero, classe, raça/etnia..."
Gênero, ainda possui diversos significados e usos, como: Gêneros musicais, literários, artísticos, enfim, de modo geral reflete um agrupamento de ideias a partir de seu ser, seu conteúdo e suas implicações.
 Mas voltando ao tema mulher queria ressaltar o quanto sempre foi e continua sendo difícil sê-lo, ao menos mantendo as características culturalmente esperadas e em contra partida as exigidos pelos novos tempos. No passado erámos praticamente invisíveis, talvez pois a maioria dos registros históricos tenham sido redigidos por homens, assim prevalecendo no nosso senso comum a ideia que a única utilidade do ser feminino era procriar, cuidar da família, da casa...Novos estudos demonstram que a participação da mulher sempre foi fundamental em qualquer movimento social e muito atuante, mas de maneira distinta da masculina, porém nem melhor e muito menos pior.
E hoje? A luta para conquistar um espaço em postos antes ocupados por homens tem crescido e definitivamente a questão de gênero como separador de funções, tem perdido a força, mas em contra partida com a realidade social e cultural ainda é marcante. Analisando uma mulher latino americana do século XXI por exemplo, da região sul do Brasil (o parâmetro sou eu), ainda há grande desparidade salarial, profissional e principalmente cultural comparando aos homens, logicamente que esta lacuna é diferente e menos desumana que a de alguns países, deixando claro que do meu ponto de vista, minhas vivências e crenças, não analisando outras óticas e religiões.
Comportamentos antes masculinos, tem cada vez mais sido integrados aos femininos, bem como alguns destes tem sido absorvidos pelo gênero oposto, algo que julgo natural pelas mudanças econômicas e sociais que o mundo sofre, que exige e reflete diretamente nos indivíduos. Mas questiono o por que de ainda existirem preconceitos e cobranças de comportamento e atitude de homens e mulheres. Pelo que percebo os homens ainda buscam uma mulher-mãe, que terá que ser responsável, carinhosa, cheirosa, paciente, organizada...mas tem exigido de seus "casos" antes de encontrar a "mulher ideal", gurias ligeiras, como diz a música do Cachorro Grande que já tenham "Sex experience"....Assim eu uma criatura de 20 anos me pergunto, como dosar e de que maneira?! Afinal, infelizmente homem que pega várias é garanhão, enquanto mulher que faz o mesmo é galinha. Percebo que estes conceitos tem mudado, mas como tudo devagar e, eu noto que no meu discurso ainda frizo um olhar machista, quando me preocupo de certa forma, com a maneira que deveria me comportar para receber a aceitação do sexo oposto dentro visão e essência que realmente sou, a partir do meu comportamento...
Olha, esse papo dá pano pra muita manga, mas o mais certo que apesar de tudo, independente do gênero, sexo ou o escambal, os seres humanos ainda buscam como animais, enfeites, crenças, adaptações para agradar o outro, pena, que as vezes antes de agradar a si próprio.
Mas como mulher, é estranho ser "cobrada" para ser independente sem assustar, liberal porém conservadora, belíssima mas natural, desbocada mas sutil, enfim é complicado ser feminina dentro da ideia que para sê-lo é preciso carregar os antigos conceitos desse gênero, algo que hoje mudou e talvez precise de novas definições e nomenclaturas, pois ser feminima hoje é diferente do passado e graças a Deus ser mulher não precisa mais ser totalmente feminina, pois dentro do meu senso comum (se é que pode existir algo tão particular) fragilidade, delicadeza são alguns adjetivos que esta palavra transparece, e assim, acredito que estou a milhas de intimidade.

2 comentários:

Blog do R O G E R disse...

Texto genial.
Devertia pública-lo!
Parabens pelas reflexões e obrigado por socializa-las com o mundo.
Bjo!
Roger

Renata Matos disse...

Uma baita escritora.
Parabéns Bru, estás cada dia melhor. Adoro tuas idéias, pensamentos e opiniões!
Um BEIJO da amiga de sempre.. Rê