"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

Lewis Carroll






sábado, 14 de maio de 2011

Vida dupla

Muitos passam anos mantendo relacionamentos à parte, outros mantêm mais de um trabalho, outros são pai e mãe ao mesmo tempo. Ponto em comum: Estão numa situação de vida dupla que gera mais perigos, responsabilidades, conflitos e cara de pau.

Na vida “moderna” que nos sobrecarrega tanto e, em tantos aspectos, convivemos com outra dualidade do cotidiano bastante marcante e influente na individualidade do ser humano e que reflete claramente no seu coletivo, a vida “real” e a “virtual”. Hoje em dia, entre as pessoas possuidoras de tecnologia em casa, é praticamente considerado um “ET” quem não tem seu perfil virtual, quem não utiliza o correio eletrônico, quem desconhece expressões ou “carinhas” feitas a partir de alguns cliques.

A tecnologia é uma facilidade incrível para o andamento da sociedade atual, tanto no sentido macro como no sentido micro desta relação. Ela minimiza o tempo, permite um acesso a diversas fontes de comunicação, a manutenção de algum nível de amizade ou namoro e, pode contribuir para elevar ou destruir a imagem de alguém, afinal, permeia de maneira intensa a realidade.

São tantas representações que criamos para a vida, que se torna complicado distinguir o que é real e o que é virtual, ou até o que não passa de uma simples reação do imaginário.

Dentro desta confusão de sentidos, percebo o meio virtual como uma extensão do que seria a realidade, a minha realidade. Nele, eu e várias pessoas, nos sentimos mais a vontade para serem carinhosas, ousadas, belas, “perfeitas”. No dia a dia, quando existe o toque (ou era pra existir) andamos olhando para o chão, muitas vezes, sentimos vergonha de dizer “oi”, não discutimos sobre o que queremos e com quem queremos, doamos pouco. Pouco amor, pouca atenção. Obviamente isso não é regra e não acontece sempre e da mesma forma, mas penso que ousamos pouco na chamada “vida real”, criando personagens e às vezes inconscientemente nos anunciando na internet, como em um classificado de jornal. Chegamos a ter 800 amigos numa rede social quando conhecemos apenas 200, mantemos contato com 50, confiamos em 5.

Como em tudo os prós e os contras estão presentes, mas quando o virtual serve como uma muleta indispensável para viver a chamada realidade, é por que estamos evitando algumas situações e/ou algo não está tão satisfatório assim.



Se jogue ;)

PS: vou tentar mais!