"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

Lewis Carroll






domingo, 19 de dezembro de 2010

Ahhh o Natal

Frases decoradas, clichês. Em muitos momentos, datas e situações eles são comuns.
Por exemplo, no natal é inevitável ouvir Simone (“... então é natal..."), músicas com sininhos, lembrar que o ano passou voando, fazer lista de presentes, também dizer/ouvir que presente não é importante, lembrar dos parentes mais distantes.
Repetições sim, mas talvez as mais gostosas. Ainda nas frases decoradas estão os desejos para que no próximo ano todo o núcleo familiar e os amigos vejam-se mais, valorize a família com mais afinco. A sensibilidade fica mais aflorada, conseguimos "até" lembrar de pessoas que não tem as mesmas condições que nós para cear, por exemplo, e, muitos planos são traçados para diminuir esta realidade, porém poucos acabam sendo realizados. O tempo, o inimigo da humanidade, ou a desculpa favorita que dispusemos para tudo aquilo que não temos determinação suficiente para começar e, principalmente concluir. O tempo, ou melhor, a falta dele, também é usada para salvar-nos com "classe" de situações pouco atraentes. Por vezes também parece chique, digno, essencial, não ter tempo para curtir a vida por estar “atolado” de compromissos profissionais e/ou acadêmicos, buscando justificar a falta de contato com quem amamos, a indiferença quanto a beleza mágica do mundo. Estamos muitas vezes cegos pela necessidade do trabalho, da qualificação, coisas que são importantíssimas, mas que tornam os dias cronometrados, onde se permitir parece pecado. Com tantas atividades, cobranças, responsabilidades, realmente o relógio deve andar mais depressa, modificando até a saudade que sentimos dos demais, ou tornando-a natural, afinal, "faz parte".
O sentido do natal é o nascimento de Jesus (outro clichê), que até onde sabemos foi um exemplo de ser humano. Mas acredito que a manutenção, pela maioria do mundo, das comemorações anuais pelo seu nascimento seja a forma mais regulamentada, enraizada, globalizada de recuperar os tantos momentos desperdiçados durante o ano no convívio e aproximação entre as pessoas, principalmente, proporcionando uma reunião de seres amados, análises únicas, sentimentos sinceros, momentos inesquecíveis.
Preservar os relacionamentos de maneira íntima e amorosa de fato precisa de convivência e/ou de contato constante, mesmo que durante o ano ela se faça virtual e espere ansiosamente por um encontro no fim de dezembro para reaquecer os corações.
Assim, essa rotina anual, esses clichês, mesmo que enjoativos, felizmente ou infelizmente graças ao padrão de vida de grande parte da população, são fundamentais para humanizar, relembrar, energizar o espírito das coisas que realmente direcionam o sentido maior da vida.

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