"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."

Lewis Carroll






segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pensou a respeito?

Porque histórias como o caso Isabella, Suzane Richthofen, Caso Bruno, entre outras atrocidades semelhantes gera tanta comoção? É quase impossível ficar alheio a tudo isso quando se é um internauta, leitor ou telespectador, pois a mídia que circula no país disseca esses acontecimentos a tal ponto que somos capazes de saber detalhes íntimos dos envolvidos, ou acompanhar cada descoberta como se fosse um seriado imperdível. Triste comparação, mas infelizmente é assim que tem sido o impacto em muitas pessoas quando esses crimes vêm à tona. Passeamos nas ruas e ouvimos comentários, ligamos a televisão na ânsia por novas revelações, somos advogado, júri, juiz, quando deveríamos apenas “aprender a lição”, e lembrar que muitas ações e pensamentos que temos na vida contribuíram para algumas revoltas que parecem um tanto quanto particulares. Talvez se o mundo não fosse movido à ambição, e o dinheiro não fosse tão fundamental na vida de todos, muitos destes casos não seriam consumados. Mas, talvez, seja julgamento demais.

Estranho, paralelo a isso tudo, é a mesma ou pior ocorrência de casos cruéis todos os dias no país, que não ganham se quer o mínimo de notoriedade. Será que isso ocorre, pois seus personagens são desinteressantes? Mas me pergunto, desinteressantes por quê?

Outra questão que “casa” com este assunto é o real motivo para que estes crimes sejam maçantemente explorados. Além do “fascínio” que muitos tem por detalhes, que na minha opinião, ocorre muitas vezes pois a população esquece (pelo menos inconscientemente) que isso é verdadeiro e assemelha a tragédia a histórias cinematográficas, faze-se útil para deslocar a atenção dos indivíduos para outros desastres que acontecem de maneira culminante a estes eventos. Como por exemplo: os novos vazamentos de óleo no oceano, os preços que aumentam, as leis que instauram, o desemprego, a fome de tantos. É no mínimo curiosa esta fuga da realidade, que se mostra até mesmo protetora quando aliviamos nossa indiferença imperdoável com o próximo e nosso planeta, vendo a maldade e a personificação do “ser mau” em situações extremas como as referidas acima.

Sinto que encontrar alguém “pior“ que mata, oculta, planeja atos cruéis friamente, parece tranquilizador, de certa forma, pois ajuda no distanciamento que precisamos para nos sentirmos menos responsáveis, pelas pequenas e grandes coisas que acontecem no mundo. Lógico que são situações animalescas, mas será que o modo que vivemos não é? Pensamos, ensinamos, agimos de tal forma que não podemos aceitar ser totalmente desprovidos de culpa pelas enfermidades do cotidiano, pois é nas pequenas ações que modificamos, ou não, o meio que vivemos.

3 comentários:

Biblioteca Catarina Macedo Hermes disse...

Filha penso que o teu comentário é bastante pertinente,completo e acima de tudo bastante profundo....

Felipe disse...

É bem interessante a tua reflexão sobre tais acontecimentos! Estes crimes noticiados parecem que já fazem parte do nosso dia-a-dia. Sabemos até a ordem em que os mesmos são noticiados: 1° Caso Mércia, 2° Caso Bruno, e assim por diante; porém não nos damos conta da gravidade de tais fatos, da brutalidade de como os crimes são planejados... Enfim, a barbárie que está se tornando o nosso país parece estar sendo aceita pela sociedade sem ao menos ser questionada tal situação! Enquanto isso, nos preocupemos com a Copa de 2014...

Luiz disse...

Então tá né...

Gostei muito dos seus comentários, a tua análise não só dos acontecimentos cotidianos e do comportamento social mas com assuntos no geral desperta a minha curiosidade e me instiga a ler até o final. Bom, eramos colegas na classe de epistemologia, só não me pergunte como e nem porque eu vim parar aqui no seu blog!?!?!?! :). Continuarei apreciando a boa leitura... A gente se esbarra pela facul...Abraço.